Seja bem vindo ao décimo quarto artigo da série “Estratégias para Observação do Comportamento e Intervenção”. No artigo de hoje será abordada a relação entre a probabilidade, a previsibilidade e a função do comportamento.

Nos últimos artigos apresentamos os conceitos que vamos abordar e a relação de cada um com a investigação das causas do comportamento.

Se, talvez, esse seja o primeiro artigo da série que esteja lendo, recomendo que retome o conteúdo, pois no artigo de hoje irei apresentar um exemplo prático.

Para isso vamos retomar o exemplo apresentado no décimo artigo da série, chutar uma bola em um alvo.

Com intuito de inferir regularidades na interação do indivíduo com o ambiente, além de retomar os estímulos bola e alvo já mencionados como mínimo útil para análise do exemplo, vamos incluir os estímulos provenientes de amigos com semelhante tempo de prática na modalidade.

Importante retomar as consequências diretas que ele teve em relação com o ambiente: acertou a bola na rede pelo lado de dentro do alvo; acertou a bola nas traves; a bola parou no gramado antes de chegar ao alvo; a bola passou acima ou ao lado do alvo.

Importa retomar, também, as consequências mediadas por outros indivíduos dentro da cultura em que está inserido: alguém gritou gol com um semblante alegre após a bola ter acertado a rede pelo lado de dentro; alguém deu pontos ao indivíduo após a bola ter acertado as traves; alguém fez piada após a bola ter parado no gramado antes de chegar ao alvo; alguém ficou furioso após bola ter passado acima ou ao lado do alvo.

Retomado o exemplo, vamos identificar como o termo função se relaciona com a probabilidade e a previsibilidade do comportamento.

Diante dos estímulos bola e alvo, na história de 10 anos de prática do indivíduo, ele já selecionou diferentes respostas motoras de chutar uma bola em um alvo e experimentou as consequências para cada resposta.

Baseado nessas experiências em situações semelhantes, o indivíduo pode identificar regularidades que permitam prever quais respostas motoras de chutar uma bola em um alvo podem ter maior probabilidade de ter como consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”.

Ao acrescentar os amigos como emissores de estímulos antecedentes, acrescenta-se um contexto cultural comum por terem história semelhante com a modalidade.

Baseado em experiencias com as consequências mediadas, como as mencionadas no exemplo, o indivíduo pode ter observado que a ocorrência da consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre” pode ter sido mais interessante que a ocorrência das outras consequências no ambiente.

Assim, diante dos estímulos dos amigos o indivíduo pode prever quais respostas motoras de chutar uma bola em um alvo podem ter maior probabilidade de ter como consequência “alguém gritar gol com um semblante alegre”.

Nesse raciocínio, a resposta motora de chutar uma bola em um alvo que será selecionada pelo indivíduo pode ser influenciada pela capacidade que ele adquiriu de identificar regularidades que permitam prever quais respostas motoras de chutar uma bola em um alvo terão maior probabilidade de gerar no ambiente as consequências desejadas.

Portanto, a função do comportamento é uma inferência dessa capacidade do indivíduo prever a ocorrência de consequências e responder de modo a aumentar a probabilidade de consequências desejadas ocorrerem no ambiente.

Vamos continuar aprofundando os conceitos nos próximos artigos, visando esclarecer ainda mais a importância da função do comportamento para a investigação das causas do comportamento.

Continue acompanhando e qualquer dúvida, entre em contato. Até a próxima.