Seja bem vindo ao décimo sétimo artigo da série “Estratégias para Observação do Comportamento e Intervenção”. No artigo de hoje será abordada a investigação de diferentes funções de um comportamento.

No artigo anterior foi discutida a importância de observar ao longo do tempo em situações semelhantes se as suposições de contingências que o indivíduo pode ter identificado acontecem com regularidade em seu repertório comportamental.

Se as suposições de contingências forem observadas com regularidade, então existe alta probabilidade de prever que, no futuro em situações semelhantes, o indivíduo se comporte conforme foi suposto.

Quando foi retomado o décimo quinto artigo da série, foi questionado se você conseguiu supor a função que influenciou o indivíduo à selecionar a resposta de chutar uma bola em um alvo com uma força X e uma direção Y.

Se a sua suposição de função ficou entre a consequência direta de “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo” e a consequência mediada por “alguém que gritou gol com um semblante alegre” você está no caminho certo.

Isso porque ambas as consequências podem influenciar a resposta do indivíduo. Assim sendo, ambas podem ser consideradas a função do indivíduo chutar uma bola em um alvo com uma força X e uma direção Y.

No entanto, se você se interessa por saber qual das duas funções pode influenciar mais o comportamento do indivíduo em situações futuras, é preciso investigar a suposição da contingência d):

Se o indivíduo comparar as diferentes possibilidades de consequências da resposta de chutar uma bola em um alvo, então há uma alta probabilidade da consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre” ser mais interessante que a ocorrência das outras consequências no ambiente;”

Talvez nessa altura das leituras dos artigos da série, já faça sentido para você que, para investigar a suposição da contingência d) seria preciso observar a resposta do indivíduo em situações semelhantes a do exemplo do décimo quarto artigo ao longo do tempo.

Mas se o seu objetivo é investigar qual das duas funções pode influenciar mais o comportamento do indivíduo em situações futuras, é preciso ir além e observar, também, a resposta do indivíduo em situações sem a presença dos estímulos dos amigos, como no exemplo do décimo artigo da série, bem como em situações em que a consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre” ocorreu mesmo sem que “a bola tenha acertado na rede pelo lado de dentro do alvo”.

Ao observar a resposta do indivíduo nesses três contextos diferentes é possível investigar mais suposições de contingências de modo a levantar dados que levem a uma inferência mais precisa de qual das duas funções pode influenciar mais o indivíduo no futuro.

Nesse ponto vale retomar outra discussão do artigo anterior, a importância de observação ser contínua, tendo em vista que as pessoas mudam ao longo do tempo e que o que pode ter mudado seja a função da resposta em gerar consequências no ambiente.

Isso porque, mesmo que a investigação de qual das funções pode ter influenciado mais a resposta do indivíduo gere dados que apontem maior influencia de uma função que de outra, os dados gerados pela investigação sempre remeterão ao passado e a previsão do comportamento em situações futuras sempre será probabilística e nunca determinista.

Ou seja, investigar qual a função que mantém a ocorrência de determinado comportamento, permite fazer previsões de alta ou baixa probabilidade do comportamento ocorrer no futuro, mas não permite afirmar que o comportamento de fato irá ocorrer no futuro.

Fez sentido para você?

Entre em contato comigo e aguarde a continuação dos artigos sobre a investigação da função do comportamento. Até a próxima.

Graduado em Esporte, Especialista em Treinamento Esportivo e Mestre em Análise do Comportamento pela Universidade Estadual de Londrina. Possui experiência profissional na área de treinamento esportivo, com ênfase em futebol, atuando principalmente nas áreas voltadas à preparação técnico-tática, análise de desempenho e psicologia do esporte.

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