Seja bem vindo ao décimo quinto artigo da série “Estratégias para Observação do Comportamento e Intervenção”. No artigo de hoje será abordada a investigação das causas do comportamento partir de suposição de contingências.
No artigo anterior foi retomado o exemplo do décimo artigo da série para apresentar que a função do comportamento é uma inferência da capacidade do indivíduo prever a ocorrência de consequências e responder de modo a aumentar a probabilidade de consequências desejadas ocorrerem no ambiente.
A capacidade do indivíduo prever a ocorrência de consequências, foi discutida no décimo terceiro artigo como dependente da capacidade do indivíduo identificar contingências no ambiente.
Isso porque uma contingência é uma relação de dependência entre eventos ambientais ou entre o comportamento e eventos ambientais. Ou seja, regularidades em forma de afirmações do tipo “se, então“.
Assim sendo, retomo duas suposições que foram feitas no artigo anterior a respeito da seleção, pelo indivíduo, da resposta de chutar uma bola em um alvo:
a) o indivíduo pode ter observado quais respostas motoras de chutar uma bola em um alvo podem ter maior probabilidade de ter como consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”.
b) o indivíduo pode ter observado que a ocorrência da consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre” pode ter sido mais interessante que a ocorrência das outras consequências no ambiente.
Essas duas suposições foram feitas com base na identificação, pelo indivíduo, de contingências tais como:
Para a suposição a):
- Se o indivíduo chutar a bola de modo a imprimir uma força X, então há uma alta probabilidade de ter a consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”;
- Se o indivíduo chutar a bola de modo a imprimir qualquer força diferente de X, então há uma baixa probabilidade de ter a consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”;
- Se o indivíduo chutar a bola de modo a imprimir uma direção Y, então há uma alta probabilidade de ter a consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”;
- Se o indivíduo chutar a bola de modo a imprimir qualquer direção diferente de Y, então há uma baixa probabilidade de ter a consequência “acertar a bola na rede pelo lado de dentro do alvo”;
Já para a suposição b):
- Se a bola acertar na rede pelo lado de dentro do alvo, então há uma alta probabilidade de ter a consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre”;
- Se a bola não acertar na rede pelo lado de dentro do alvo, então há uma baixa probabilidade de ter a consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre”;
- Se a bola não acertar na rede pelo lado de dentro do alvo, então há uma alta probabilidade de ter as consequências como “alguém deu pontos ao indivíduo após a bola ter acertado as traves”; “alguém fez piada após a bola ter parado no gramado antes de chegar ao alvo”; “alguém ficou furioso após bola ter passado acima ou ao lado do alvo”.
- Se o indivíduo comparar as diferentes possibilidades de consequências da resposta de chutar uma bola em um alvo, então há uma alta probabilidade da consequência “alguém gritou gol com um semblante alegre” ser mais interessante que a ocorrência das outras consequências no ambiente;
Talvez agora tenha ficado mais claro que, suposições de contingências que o indivíduo pode identificar são úteis para prever se a resposta que ele selecionar será influenciada pela função que a resposta tem de gerar consequências desejadas no ambiente.
Se sim, o objetivo de hoje foi alcançado e continuaremos aprofundando o conceito de função do comportamento nos próximos artigos.
Caso contrário, não hesite em me procurar nos contatos. Até a próxima.
