Seja bem vindo ao décimo artigo da série “Estratégias para Observação do Comportamento e Intervenção”. No artigo de hoje será abordado o estudo do comportamento e perguntas iniciais para prática de intervenções mais eficazes no contexto esportivo.

O tema dos dois últimos artigos da série foi a investigação das causas do comportamento.

O oitavo artigo levantou uma primeira pergunta que pode ser feita para começar a investigar as causas do comportamento.

O nono artigo levantou outras duas perguntas que podem ser feitas ao observar vários eventos de um determinado comportamento.

Em ambos artigos, o objetivo foi apresentar uma fundamentação teórica importante para a investigação das causas do comportamento.

A partir desse ponto, vamos empregar as três perguntas para um determinado comportamento-alvo comum na prática esportiva, chutar uma bola em um alvo, levando em conta a imagem deste artigo.

A primeira pergunta seria: O comportamento-alvo é respondente ou operante?

Conforme ressaltado no oitavo artigo, é importante levar em consideração as condições do indivíduo observado.

No exemplo vamos considerar um jovem adulto, sem lesões ou tratamentos que interfiram em seu comportamento respondente em condições normais.

Dito isso, em resposta à primeira pergunta, o comportamento-alvo é operante.

A segunda pergunta seria: diante de quais estímulos no ambiente do indivíduo houve maior frequência do comportamento-alvo ter sido selecionado?

A pergunta em si já remete à história do indivíduo em situações semelhantes.

Vamos considerar que seja um jogador de futebol com dez anos de prática.

Nesse cenário, poderíamos enumerar uma vasta gama de estímulos no ambiente que poderiam influenciar o comportamento-alvo.

Mas, em busca de regularidades, vamos simplificar ao mínimo útil para análise dentro do padrão de eventos semelhantes na história do individuo.

Então, em resposta à segunda pergunta os estímulos foram: Bola e Alvo.

A terceira pergunta seria: após quais consequências no ambiente do indivíduo houve maior frequência do comportamento-alvo ter sido selecionado?

Já fizemos referência à história de vida do indivíduo, mas vamos simplificar didaticamente e dividir os exemplos de consequências entre: (a) experiências diretas que ele teve em relação com o ambiente e (b) experiências mediadas por outros indivíduos dentro da cultura em que está inserido.

Consequências do tipo (a) poderiam ser: acertou a bola na rede pelo lado de dentro do alvo; acertou a bola nas traves; a bola parou no gramado antes de chegar ao alvo; a bola passou acima ou ao lado do alvo.

Consequências do tipo (b) poderiam ser: alguém gritou gol com um semblante alegre após a bola ter acertado a rede pelo lado de dentro; alguém deu pontos ao indivíduo após a bola ter acertado as traves; alguém fez piada após a bola ter parado no gramado antes de chegar ao alvo; alguém ficou furioso após bola ter passado acima ou ao lado do alvo.

Faz sentido para você que todas essas consequências ajudaram o indivíduo a modelar a resposta de chutar uma bola em um alvo?

A resposta para a terceira pergunta é difícil de apontar com certeza absoluta, mas é possível inferir alguma consequência que talvez possa ter influenciado mais que as outras naquele momento específico.

Respostas para essas três perguntas iniciais podem colaborar para prática de intervenções mais eficazes no contexto esportivo à medida que consideram que o indivíduo está em constante interação com o ambiente e que essa interação evolui ao longo da história de vida do indivíduo.

Ressaltada a evolução dessa interação é possível avançar no estudo da probabilidade e da previsibilidade do comportamento nos próximos artigos.

Se você ficou interessado em saber mais ou está com dúvidas, não deixe de procurar os canais de contato. Estarei contente em atendê-lo. Até a próxima.

Graduado em Esporte, Especialista em Treinamento Esportivo e Mestre em Análise do Comportamento pela Universidade Estadual de Londrina. Possui experiência profissional na área de treinamento esportivo, com ênfase em futebol, atuando principalmente nas áreas voltadas à preparação técnico-tática, análise de desempenho e psicologia do esporte.

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